segunda-feira, 20 de junho de 2016

Daniel Munduruku

Daniel é índio da Nação Munduruku, no Pará, da qual saiu por curiosidade e vontade de descortinar novos horizontes. Já esteve em vários países da Europa, participando de conferências e fazendo oficinas sobre a cultura indígena. Escritor indígena, graduado em Filosofia, tem licenciatura em História e Psicologia. Doutor em Educação pela USP. É pós-doutor em Literatura pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.
Nunca escolheu ser escritor, mas escreve para dialogar com as crianças e jovens. Escreve para contar a respeito da cultura de seu povo, para resgatar a própria história e de seus ancestrais.
Já publicou várias obras: Outras Histórias Indígenas de AssustarA Palavra do Grande Chefe; Outras Tantas Histórias Indígenas de Origem das Coisas e do Universo; Sabedoria das ÁguasVocê Lembra, Pai?; A Primeira Estrela que Vejo É a Estrela do Meu Desejo ;Kabá Darebu; Outras Histórias Indígenas de Amor; Contos Indígenas Brasileiros... E outras tantas lindas histórias.


Daniel falou que a história do povo indígena tem sido contada como folclore e isso prejudica porque acaba fazendo com que seja negada ou mesmo esquecida a participação do povo indígena na formação da cultura brasileira.
Ele disse que os povos indígenas querem se sentir parte da sociedade brasileira, querem deixar de ser invisíveis e quando vistos não querem ser transformados num único tipo de índio, com penas na cabeça, que se senta de pernas cruzadas, que faz sons pela boca, enfim, um índio estereotipado, que não tem a ver com a diversidade que eles são. Cada nação indígena tem costumes, danças, vestimentas, rituais diversos. Uns povos já assumiram muitos costumes da cultura do branco, outros preservam muito de seus antigos hábitos e preferem evitar contato. As escolhas devem ser respeitadas.
A luta dos povos indígenas é para que a gente mude a forma de pensar sobre eles. Muita gente ainda acha que eles são preguiçosos e isso não é verdade, eles podem sim caçar, pescar, nadar, construir suas casas, educar seus filhos, cultivar seus rituais... Mas eles também podem ser estudantes, trabalhar como médicos, advogados, deputados, ser professores, músicos, escritores.
O índio é livre para fazer suas escolhas. Ele não deixa de ser índio só porque usa celular, só porque se veste de terno ou de calça jeans, assim como um branco não passa a ser índio quando usa colares de sementes, quando pinta o rosto ou quando anda descalço. Cada um tem seu jeito, seus costumes.
Eles são nativos desta terra, têm direito a trabalhar a ter terra e cada povo, cada nação, cada pessoa, deve ser respeitada como é.
Na cultura indígena a tradição é muito importante porque manter a tradição é manter a cultura, é não esquecer o que foi ensinado pelos antepassados. Tradição é andar por novos caminhos sem esquecer o que foi aprendido no antigo.
Por exemplo, educação na nação indígena não é coisa que se ensina de um dia para o outro, é um processo. Os adultos devem sempre cuidar dos mais novos, ensinar tudo o que sabem para os mais jovens para que quando eles cresçam, eles tenham muita sabedoria. Uma criança deve viver plenamente seu tempo de criança, aproveitar ao máximo sua vida de criança para depois não querer viver a vida de criança na vida adulta. Quando chega a hora certa a criança indígena vive um ritual de passagem para uma outra fase da vida dela. Os rituais são importantes porque marcam acontecimentos importantes.
Como ainda há muito preconceito com relação às populações indígenas, Daniel Munduruku procura ocupar esse espaço com assuntos que podem substituir o olhar errado, trazendo informações, recontando histórias tradicionais de sua cultura, de seu povo. Ele incentiva outros jovens indígenas a fazerem o mesmo, porque cada povo deve contar a magia da sua história.

Sites para assistir com os alunos:

http://consciencia.net/entrevista-daniel-munduruku/